Foi numa manhã solitária, porque era assim que me sentia, que te encontrei. Não era a solidão da falta de corpos, mas a solidão mental, que é a sua forma mais dolorosa.
A tua figura logo me despertou a curiosidade, e eu de ti me aproximei como que hipnotizada por teu olhar. Sentei-me ao teu lado. Ambos fingimos ser casual. Houve silêncio. Arrisquei um novo olhar e meus olhos nos teus olhos penetraram, nada mais existindo, além daqueles olhos tão puros e nítidos, que me mostraram todo um mundo de afeto, sensibilidade e sentimento. Meu coração não mais suportando a emoção, que este instante me causara, fez com que meus lábios pronunciassem algumas palavras para conseguir fugir ao magnetismo do teu olhar. Rompido o silêncio, conversamos animadamente por muito tempo, até que o sol se encarregou de nos mostrar que a manhã já se ia longe. Nos despedimos e eu julguei que jamais o tornaria a ver, pois para mim, você não era real e sim, um personagem dos meus próprios sonhos.
Quis o destino, tempos mais tarde, que nos aproximássemos, e passamos a nos ver diariamente. Incessantemente, procurei nos teus olhos o mesmo olhar, nas tuas palavras a mesma mensagem de força e sensibilidade. Enfim, procurei no teu semblante a mesma sensação de confiança e paz. Porém nada encontrei, porque nada ali existia, como nada ali nunca existiu.
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