quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Acontece

Vez por outra, não quero ouvir a voz de ninguém. Quero ficar sozinha. Inverter a noite pelo dia, e tentar superar este dia dormindo e sonhando sonhos incríveis, impossíveis de descrever em palavras, por serem feitos de pura e incontida emoção. Tenho um cansaço  de tudo, mas, principalmente, de mim. Tenho um cansaço enorme de minhas lembranças, minhas faltas, minhas crenças,  minhas esperanças rotas, varridas para um bueiro qualquer. Queria ser semelhante a uma serpente, que larga sua casca para poder crescer, assim, gostaria de largar a carcaça que sou eu, com todo o passado, o presente e o inevitável futuro, que há  de vir. Começar tudo de novo, mas, a partir de uma folha em branco. Desenhar minha vida com base no que passei. Tudo seria novo e radiante. Seria mais sábia, mais conciliadora,  mais condencedente, mais amorosa, menos arrogante,  mais compreensiva. Mas não é possivel. Assim, sigo, arrastando esta carcaça pútreda até a cova, onde me colocarão, e finalmente ficarei em paz.

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