segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Acho que a primeira coisa que a gente tem que parar de fazer é repetir bobagens que a gente escuta e que de tão repetidas passam a "parecer" Verdades, mas nunca o serão!

Nossa (dos brasileiros) revolta com o pagamento de impostos vem do tempo do Império! Os mineiros, presentes neste Fórum, sabem melhor que o restante de nós, que a Inconfidência Mineira nada mais foi que um movimento oposicionista da burguesia à Lei da Derrama, que dava direito ao Rei de Portugal de confiscar os bens daqueles que deviam impostos. O Tiradentes entrou de gaiato nesta história, pensando que era um movimento do tipo: "Brasil para os brasileiros"! Tadinho dele!

Voltando à discussão da carga tributária, reproduzo abaixo um pequeno trecho da entrevista com a professora italiana Silvia Giannini sobre o assunto "Sistema Fiscal Europeu é completamente Inadequado", cuja integra pode ser lida no sítio ( http://www.ctoc.pt/downloads/files/1166694289_06a10.pdf), mostrando que taxas tão ou maiores que as nossas são praticadas no Velho Continente.

"TOC – Há uma grande diferença nas taxas de imposto
que são aplicadas às empresas dentro do
espaço comunitário. Temos, por exemplo, uma taxa
base de 12,5 por cento na Irlanda e 35 ou 33
por cento em Espanha e Itália
. Esta é uma competição
que pode ter efeitos nocivos para os países
europeus?

S. G. – Essa diferença é ainda maior se tomarmos
em consideração taxas regionais
que, em países como Alemanha e Itália, chegam
aos 37 ou 38 por cento.
As grandes diferenças
de taxas dentro da União Europeia
têm dois efeitos nocivos bem distintos. Primeiro,
levam a que as empresas transfiram
muito do seu planeamento fiscal para países
onde a tributação seja mais favorável, pelo
que pagarão menos imposto pelos seus lucros.
Segundo, essa grande diferença leva à
tomada de decisões quanto à localização em
países que tenham taxas mais baixas. A base
de tributação é, de facto, a principal razão
para que as grandes multinacionais decidam
em que países se instalar, tendo sempre em
conta a média das taxas de imposto. Destas
decisões está também dependente muita da
política de investimento.

Direis agora: - Tresloucada amiga, se nosso problema não é na realidade o nível da taxa de imposto, qual é ele? E eu vos direi: Olhai e pensai para entender! (Bilac me desculpe pelo plágio!)

O nosso problema reside no fato dos impostos não chegarem a ser aplicados onde deviam. Ao contrário, perdem-se pelos ralos sórdidos da corrupção! E isto não é infelizmente privilégio de nenhum partido político. Rouba o PT, rouba o PSDB, rouba o DEM, rouba o PSOL, rouba o PTB, rouba o PV e qualquer um mais que puder roubar!

Enquanto continuamos sinalizando à classe política que estamos de acordo, isto não muda. A despeito de todo o blá, blá, blá contrário à corrupção, continuamos elegendo políticos "já fixados" como Collor, Maluf, Moreira Franco e Inocêncio de Oliveira, que, por exemplo, no Escândalo dos Anões do Orçamento foi flagrado utilizando dinheiro da SUDENE para resolver a "seca" em suas fazendas! E aí haja greve de fome de bispo!

Solução? Proponho uma e gostaria de contar com o apoio de vocês. Que tal iniciarmos uma campanha para incluir o crime de corrupção na categoria de Crime Hediondo, que, como tal, não tem direito à fiança, nem redução de pena? Baseado em quê? Baseado no fato que se o sequestro de uma pessoa é um crime hediondo, quantas vidas não são sequestradas pelo desvio de milhões de dólares que poderiam estar sendo empregados em hospitais, maternidades, creches, escolas, enfim, numa infinidades de coisas que fazem a diferença para toda uma geração?!

Agora...
se vocês ainda têm fôlego de continuar lendo, sobre o financiamento do IPVA..... francamente isto é piada! Acho que quem não tem dinheiro para pagar o IPVA não tem condições de ter carro! Deve vendê-lo e colaborar para a redução da taxa de aquecimento global. Você está horrorizado com esta minha declaração?! Deixe-me falar um pouco da minha experiência pessoal. Meu pai era médico do Exército e nós não tínhamos carro até eu completar 14 anos! Não tínhamos porque ele priorizou, à época, a compra da "casa própria". E era isso mesmo! Não se podia ter carro, não se tinha carro! Nunca devemos nada a ninguém, nunca pegamos empréstimo! O apartamento foi comprado através de poupança própria.

Hoje, até parece um comunismo ao contrário. Todos têm que ter acesso a tudo! Todos os jovens têm que ter celular último tipo, com câmara, filmadora, etc, etc, etc. Todos têm que ter "Ipod" caríssimo e por aí vai! Eu, quando era criança, sempre quis ter um Autorama. Nunca tive. Era muito caro. Morri por causa disso? Não. Aprendi que tem coisas que a gente simplesmente não pode ter e que " ser" é muito mais importante do que "ter"! Este "sem limites" em que vivemos hoje é que faz com que as pessoas, para possuir, se vendam por 15 patacas! E aí fecha-se o círculo e chegamos à causa da corrupção!

Desculpe-me pelo longo email. É isso aí, pessoal!
Abçs,
Carmen

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Reflexões sobre o Amor

Palavra nenhuma traduz o que realmente se sente quando se ama. E o que é o amor, se não uma necessidade de entrega? Necessidade egoísta de entrega. O ser que ama está tão mais interessado em satisfazer sua necessidade de se dar do que na possível felicidade que o outro possa sentir em receber. Portanto, toda dita "contradição" do amor, cantada em prosa e verso, é resultante do fato que não há altruísmo no amor. Ou seja, nos dedicamos a alguém porque nisso encontramos satisfação e não porque tenhamos considerado a necessidade do outro por nosso afeto. O outro não entra na equação!! Só nós e nosso imenso ego! Com isso, é fácil compreender que o amor nada tem a ver com as qualidades do ser amado e, sim, com aquelas que projetamos nele para justificar a falsa busca por um objetivo de vida maior do que nós mesmos - coisa que jamais conseguiremos, porque não há nada mais importante para nós, eternos bebês a choramingar por cuidados, que os nossos próprios interesses. Se encararmos o amor por esta ótica, fica fácil explicar as agressões feitas em nome do Amor - o Crime Passional. Ao ouvirmos declarações de amor, do tipo: eu te amo e não vivo sem ti; sou capaz de qualquer coisa por ti; etc, etc..., pensamos que significam: "- Eu me anulo perante ti, meu Amor, porque só a tua felicidade é que conta para mim, mesmo que isto signifique nunca mais te ver!". Entretanto, elas devem ser encaradas como sendo: " Eu me amo acima de tudo e luto para me satisfazer cada vez mais. Você é um dos objetos que me causa prazer, por isso me aproximo de você, e me imporei a você, mesmo que isto signifique a sua infelicidade".
Já dizia, brilhantemente, Sartre: "Não quero que ninguém me ame. Se você me amar o prazer será todo seu. Não quero ser explorado por ninguém." O Amor nada tem a ver com o sentimento altruísta que o imaginamos ser. Este sentimento altruísta se chama Amizade. Somos capazes de nos sacrificar por uma amizade verdadeira, mas nunca, nunca, pelo Grande Amor. O Grande Amor foi criado para nos servir, nos satisfazer e nos adorar como a um Deus no Panteon.
Ao egoísmo do Amor deu-se o nome de Ciúme.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Confissões a um Desconhecido

Foi numa manhã solitária, porque era assim que me sentia, que te encontrei. Não era a solidão da falta de corpos, mas a solidão mental, que é a sua forma mais dolorosa.
A tua figura logo me despertou a curiosidade, e eu de ti me aproximei como que hipnotizada por teu olhar. Sentei-me ao teu lado. Ambos fingimos ser casual. Houve silêncio. Arrisquei um novo olhar e meus olhos nos teus olhos penetraram, nada mais existindo, além daqueles olhos tão puros e nítidos, que me mostraram todo um mundo de afeto, sensibilidade e sentimento. Meu coração não mais suportando a emoção, que este instante me causara, fez com que meus lábios pronunciassem algumas palavras para conseguir fugir ao magnetismo do teu olhar. Rompido o silêncio, conversamos animadamente por muito tempo, até que o sol se encarregou de nos mostrar que a manhã já se ia longe. Nos despedimos e eu julguei que jamais o tornaria a ver, pois para mim, você não era real e sim, um personagem dos meus próprios sonhos.
Quis o destino, tempos mais tarde, que nos aproximássemos, e passamos a nos ver diariamente. Incessantemente, procurei nos teus olhos o mesmo olhar, nas tuas palavras a mesma mensagem de força e sensibilidade. Enfim, procurei no teu semblante a mesma sensação de confiança e paz. Porém nada encontrei, porque nada ali existia, como nada ali nunca existiu.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Líderes políticos, religiosos ou carismáticos

Não me apontem um líder, porque não quero segui-lo! Não precisamos de líderes! Precisamos de pessoas sensatas que compartilhem suas idéias e experiências de forma que juntos possamos construir um mundo melhor. O líder se isola na sua própria percepção das coisas que, por ser unilateral, é forçosamente limitada. Precisamos voltar a filosofar como se fazia na Grécia Antiga. Temos que reservar mais tempo a pensar e a discutir estes pensamentos sobre a vida, o mundo e a humanidade! Só assim alcançaremos a melhor solução para todos os problemas que nos atormentam: a pobreza, a violência, a desigualdade, o desamor, a corrupção, a leviandade, a falta de ética, que assolam as sociedades e, por que não dizer, as próprias famílias, que nada mais são que as células que formam estas mesmas sociedades.

Raiva ou Ódio?

Raiva é o sentimento de frustração que sentimos quando nossos desejos não são satisfeitos. É a manifestação da eterna criança que há dentro de nós, esperneando e gritando para ter suas vontades atendidas. Agora... ódio é algo muito diferente disso. Ódio é um sentimento muito maior e mais profundo. Ódio é chumbo derretido que escorre da alma para o coração, onde se solidifica e fica pesando até que a vingança, seja pelas próprias mãos, seja pelo poder institucional ou por obra divina (ou da natureza), se encarregue de removê-lo. O ódio é gerado quando somos submetidos a uma dor imensa, física, moral ou psicológica, que consideramos totalmente injusta, e contra a qual estamos impotentes de nos defender. Exemplos disto? O escravo sob o grilhão do feitor, a vítima subjugada pelo seqüestrador, a criança maltratada pelo adulto que deveria zelar por ela, a mulher que apanha e cala diante do marido agressor, os excluídos perante a sociedade que os marginaliza...etc, etc. Cito aqui um exemplo recente de ódio e de remissão pela vingança. Ocorreu em uma delegacia de São Paulo e foi noticiada nos principais jornais do País. Uma mãe ao perceber que o estuprador de seu filhinho de três anos sairia ileso da acusação apesar de ter sido pego em flagrante, por ser réu primário e menor de idade, saltou sobre o ofensor e com uma faca, que premeditadamente levava na bolsa, cortou-lhe a garganta. Após o que, entregou calmamente os pulsos para serem algemados, dizendo: Este aí não faz com mais ninguém o que fez com o meu bebê.