Estou

Sozinha em um quiosque da Praia de Copacabana, bebendo um chope bem de vagar, porque não necessariamente é o que me saciaria a alma. Gostaria de uma companhia alegre e inteligente, de qualquer gênero ou escolha sexual. Só a companhia de uma pessoa inteligente e divertida. Tudo do que preciso.

Sou ou estou?

Estou aqui em um quiosque da Praia de Copacabana, mas também sou esta pessoa que aqui está, vinda da manifestação de Diretas Já, o que me parece tão obsoleto, ainda que necessário. Este é o problema, algo obsoleto mas necessário.

Ando triste ao ver pessoas de minha convivência, que julgava inteligentes e justos cidadãos, tão cegas ao que está acontecendo no Brasil e suas nefastas consequências.

Vou pra casa, mesmo com um ou mais chopes, a mesma pessoa consciente e preocupada com nosso destino, pois há que se impedir 98% dos políticos atuais de continuar atuando, quer sejam do executivo ou do legislativo, por corrupção passiva ou ativa, e ouso dizer que mesmo o Judiciário mostrou-se não merecedor de credibilidade.

Isto posto, tudo é muito difícil e a desesperança bate à nossa porta.

Preciso tanto

Preciso tanto de um amor longínquo, para quem possa escrever cartas de amor. Digo, cartas de amor. Não um e-mail ou um whatsapp, mas cartas de amor escritas em papel fino e caneta tinteiro, porque eram pensadas e os sentimentos muito escrutinados antes de chegarem ao papel. Não havia, então, como "deletar" a não ser que se fizesse um borrão na tentativa de apagar o pensamento mal expressado. Saudades de tempos de sentimentos profundamente vividos.