sábado, 24 de abril de 2010

Ser amorfo I

Não sei quem eu sou. Ou melhor, sei que sou um ser amorfo. É como se eu fosse um líquido que toma a forma do recipiente onde está. Só que o líquido não sente nada pela garrafa. Só deixa-se estar ali observando... Também não recebe nada, apenas a visão da satisfação do outro ao vê-lo ali tão decorativo. Daí, o líquido se pergunta: e se eu estivesse em outra garrafa, de formato e cor diferentes? Ou, se eu me esparramasse pelo chão, ainda seria amado? Então ele se expande e quebra a garrafa, esperando para ver se será recolhido com carinho. Mas não. Toda vez que isto acontece, todos se põem a gritar e amaldiçoar a bagunça que ele causou. Ele então se evapora, deixando uma mancha escura por onde passou.

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